Companhia Fantasia
COMPANHIA FANTASIA
nós somos os cantores
da companhia fantasia
vivemos na fantasia de que seremos um dia
a tua companhia
a tua companhia
e de quem está em sintonia
com a sua própria companhia
Fantasia!
num pedaço do meu rosto vê-se o traço
de um palhaço pobre
mas debaixo desse traço há um fundo falso
que esse traço encobre
o do palhaço triste
que insiste em disfarçar que lá por baixo
outro palhaço existe
o palhaço aprendiz
que aprendeu a aceitar que por um triz
ele era o palhaço feliz
e bis
nós somos os cantores da companhia
fantasia…
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Matérias do Coração
MATÉRIAS DO CORAÇÃO
Nada de novo no telejornal
Mais desemprego no nosso quintal
Um homem gasto pela inflação
Morreu com um ataque de informação
Já nada resta do que era de mim
Ha tanto tempo que eu nao sei de ti
E eles não passam na televisão
Destas matérias do coração
Estouros, incendios, inundações
Epidemias e explosões
Soam banais, em comparação
Com estas matérias do coração
A locutora nem quer saber
Do meu amor, que já não me quer
O mundo descamba em informação
Alheio às matérias do coração
Dois continentes que se davam mal
Chegaram a acordo no telejornal
Fizeram as pazes NA televisão
Eu e o meu amor é que não
Desastres, incendios, inundações
Epidemias e explosões
Meros eventos sem dimensão
Ao pé das matérias do coração
O presidente falou pra naçao
Mas eu nao estou em sincronizaçao
Onde é que se desliga o botão
Destas matérias do coração
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O Romântico Autêntico
O romântico autêntico
Apanha as flores que nascem do asfalto
e toma de assalto
o coração de ninguém
O romântico autêntico
De dia deita-se à sombra do triste
Cipestre que não existe
E apanha versos do chão
Do poema que nunca fará
Da cantiga que não cantará
Ao amor que Deus não Lhe dará
E regressa à casa que sabe que nunca terá
Ele é só
Um romântico autêntico
Um tipico Romântico
O romântico Autêntico
Quer lá saber das estrelas, do azul do céu,
do azul do mar
e dos passarinhos na primavera
O romântico autêntico
Apanha as flores que nascem do asfalto
e toma de assalto
Os versos do chão
Do poema que nunca fará
Da cantiga que não cantará
Ao amor que Deus não Lhe dará
E regressa à casa que sabe que nunca terá
Ele é só
Um romântico autêntico
Um tipico Romântico
(e o romântico autêntico não manda flores a ninguém)
(download) clique aqui com o botão direito do rato: save target as/guardar destino como
Sonhos
Voltei. Finalmente resolvi a questão do “estúdio em casa”. O material tem sempre razão.
Gravei esta música no “guitalele” do meu sobrinho, que é uma guitarra de dois palmos de comprimento.
Sonhos
Quando a lua chega
Levando o sol cruel
Só a noite me aconchega
No seu terno e doce mel
E eu posso enfim sonhar
Que tu és minha e eu sou teu
Pudesse eu nunca acordar
Deste sonho meu
Sonhos, sonhos
Delírios serenos
Só sonhos me querem bem
Sonhos, sonhos,
Guardasses ao menos
Um sonho para mim também
Só a lua deixa
Que eu seja quem não sou
Para que em sonhos, eu me veja
Com que eu não estou
E eu não quero acordar
Quero ir para onde eu não vou
Pudesse eu nunca mais voltar
Deste sonho meu
Sonhos, sonhos
Delírios serenos
Sonhos que me querem bem
Sonhos, sonhos
Guardasses ao menos
Um sonho para mim também
Bolsa de Amores
Um vira que gravámos no CD da minha banda quase-famosa mas depois decidimos não incluir. Bob Dylan meets rancho folclórico de baião. Reparei agora que com esta harmonica os primeiros 43 nano-segundos parecem o love me do, mas depois o ritmo minhoto despista a semelhança.
Bolsa de Amores
Perguntei ao corretor
onde podia aplicar
os excedentes do amor
que eu tinha andado a poupar
investi tudo em acções
cotadas a um bom valor
mas não quis obrigações
e passei-as ao portador
joguei na bolsa de amores
sem conhecer o mercado
só ganhei dissabores
e um coração hipotecado
no mercado de futuros
joguei em novos valores
há que jogar pelo seguro
nesta bolsa dos amores
só que o valor facial
sofre depreciações
e o longo prazo é fatal
quem vê caras não vê cotações
joguei na bolsa de amores
sem conhecer o mercado
só ganhei dissabores
e um coração hipotecado
se o capital aumentar
por liquidez em retenção
é o passivo a engordar
e a baixar a cotação
é como moeda ao ar
o mercado é mesmo assim
a cara em que eu fui apostar
já era coroa no fim
a aplicação financeira
sempre pode ser trocada
mas a que eu trago em carteira
essa, ninguém quer nem dada
joguei na bolsa de amores
sem conhecer o mercado
só ganhei dissabores
e um coração hipotecado
fiei-me nos fiadores
ouvi juras semestrais
joguei na bolsa de amores
jurei para nunca mais
Todas as noites o meu amor vem da rua com um presente
Todas as noites o meu amor vem da rua com um presente
Todas as noites, o meu amor
Vem da rua com um presente
Ás vezes traz um perfume
A vinho e aguardente
Ás vezes traz-me uma rosa
Em cada face a brilhar
E vem sempre com um sorriso
Que não tinha ao acordar
Todas as noites, o meu amor
Vem da rua com um presente
Uma camisa de marca
Com marcas de batom
Às vezes traz-me um cartão
A bater do plafond
E quando eu acho que já quase
Nada me pode espantar
Traz-me sempre o mesmo doce
Amargo de voltar
Todas as noites, o meu amor
Vem da rua com um presente
Às vezes vem com um livro
De cheques sem provisão
Há vezes que vem com uma jóia
De um amigo de ocasião
Mas quase sempre é um perfume
De outra mulher diferente
Todas as noites, o meu amor
Vem da rua com um presente
Lisboa não é Hollywood
O título é roubado de um dos episódios do Duarte e Companhia. A música é sobre o rise and fall no star-system português. Homenagem a Cândida Branca Flôr, respeitosamente.
Lisboa não é Hollywood
chega candida de capeline
como ela respira saúde
quase que parece a marylin
a chegar a hollywood
mas sem tapetes encarnados
sob os seus pés de dama
e seus sapatinhos delicados
apenas pisam na lama
Lisboa é paleio de aljube
por entre ruas esquinas
também tem suas colinas
mas lisboa não é hollywood
como ela cai na trama
e esbanja a sua virtude
pelo passeio da fama
mas lisboa não é hollywood
candida na solidão
de capeline, rouge e batom
não foi parar ao panteão
morreu na vala comum
Baile dos sem-ninguém
Uma das muitas músicas que ficaram de fora da Rádio Alegria. Neste género “ball-room dancing” já havia a Cantigas de Amor, que ganhou. Entretanto mudei uns acordes e umas partes da letra (que ficou como aqui publico), mas o que tenho gravado é isto (Randy Newman meets Rosa Lobato Faria, circa 1ª guerra mundial). Quando gravar a versão actualizada, ponho aqui.
Baile dos Sem-ninguém
Quando o coração se cansa
De procurar alguém
É a hora de ensaiar a dança
No baile dos sem ninguém
Aqui vêm por costume
Os que a noite fez refém
Fogem do amor e do ciúme
pro baile dos sem ninguém
Um a um, vê como vão
Arejar o coração
Trocando o passo no compasso da solidão
Sabem que amanhã há outra sessão
Se me vires dançar comigo
Dança contigo também
Amigo não empata amigo
No baile do sem-ninguém
Todas as noites dançamos
À espera de quem nunca vem
É por isso que ainda voltamos
Ao baile dos sem-ninguem
Um a um, vê como vão
Arejar o coração
Trocando o passo no compasso da solidão
Sabem que amanhã há outra sessão
Resta-me a vã esperança
Que tu gostes de mim também
E que esta seja a nossa ultima dança
No baile dos sem-ninguém