O Blog Do Mendes

Crítica de crítica da semana

Publicado em Penas de Pato por miguelaj em December 10th, 2007

Esta semana foi prolífera em material para análise. Mas o mais recente trabalho de J.L. é aquele que nos mereço toda a nossa atenção. Não descurando a função pedagógica da nossa coluna, que pretende elucidar o leitor para os aspectos objectivos da massa critica(da), reivindicamos desde já o nosso direito a pontuais manifestações pessoais que em certos casos possam despertar a nossa paixão, pois nós, os críticos, somos afinal (imagine-se…) pessoas muito humanas.
Pois bem. Esta semana foi a edição do último álbum dos “Kings of Convenience”. São lá uns rapazes do Norte, que cantam assim uma música muito calminha. Mas vamos ao que interessa. O material em apreço desta semana é assinado pelo jovem promissor “J.L.”, actualmente avençado do “Minho Rock” (este jovem crítico já passou por publicações como o Correio Limiano e o Barca News). Chama-se “Kings of Convenience: Neo-Folk?”
Esta sua mais recente proposta traz alguma frescura ao panorama actual, mas não nos podemos deixar enganar pelo entusiasmo. Senão vejamos:
“a inusitada proposta acústica de Erland Oye, aclamado guru da musica electrónica…”
A peça merece-nos, logo na frase inicial, alguns comentários:
– A palavra “inusitada”, por mais pertinente, revela-se desapropriada num contexto jornalístico minhoto, numa publicação vocacionada para um público “teen”. Ademais, revela uma claríssima influência da escrita de N.M.G., que o autor não consegue esconder;
“… Constitui uma claríssima lufada de ar fresco no actual marasmo musical deste início de século…”
“Marasmo”. Esta visível tentativa de abarcar o “band-wagon” do “trendy” retro-revival do jornalismo actual (e de toda a arte em geral, porque não dizê-lo), não colhe junto da nossa redacção. Jornalistas do seu tempo batiam esta mesma palavra em máquinas de escrever autênticas, material hoje considerado “vintage”, mas que era “state-of-the art” na época, conferindo a palavras como “marasmo” uma autenticidade irrepetível nos dias de hoje.
“…” Seguem-se uns considerandos perfeitamente dispensáveis, em que o musicólogo efectivamente fala de música, algo que está perfeitamente ultrapassado no jornalismo actual da especialidade. Referem-se aspectos como “harmonias vocais” e “produção minimalista”, que não nos apraz sequer comentar. Continuando.
Claro que o trabalho vem assimptóticamente iluminado por algum do brilho deste talento promissor. Momentos como “Por vezes reminiscente de Simon e Garfunkel…” – traduzem-se em agradáveis momentos de leitura, mas nem mesmo o recurso a uma comparação, essa indispensável técnica (sem a qual bandas como Toranja, Blind Zero e Oasis nunca teriam tido a sua oportunidade junto desta superior arte de comunicação que é a crítica musical), nem mesmo esse ultimo reduto, dizia eu, nos permite uma favorável crítica.
Assim, J.L., no seu mais recente trabalho “Kings of Convenience – Neo-Folk?”, editado pela promissora “Minho Rock”, acaba por ser uma desilusão. Uma estrela.

Nota do editor: eventuais críticas a esta crítica de crítica, não perdem pela demora. Nestor Lima, o nosso crítico de críticas-de-críticas-de-críticas, acorda sempre mal disposto e tem pena afiada. E aqui junto da redacção não é fácil estacionar o carro…

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